Princípio, de Anzanello Carrascoza

Larissa Ribeiro
Larissa Ribeiro

Neste conto, por meio de uma linguagem comunicativa e sensível, Carrascoza recupera Gênesis, da Bíblia, destacando a capacidade imaginativa infantil, ao narrar, a partir dos desenhos, em lápis de cor, realizados por um garoto, o processo de criação de um mundo de fantasia.

“No Princípio, o menino não sabia o que estava acontecendo. Sentia-se triste, ali na penumbra. Queria que a manhã chegasse logo.
Pegou, então, a caixa de lápis de cor, abriu o caderno na primeira página e desenhou um sol. Gostou do que fez. E ficou feliz.”

Na Bíblia:
No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra era sem forma e vazia, a escuridão cobria as águas profundas, e o Espírito de Deus se movia sobre a superfície das águas.
Então Deus disse: “Haja luz”, e houve luz. E Deus viu que a luz era boa, e separou a luz da escuridão.

“No quarto dia, desenhou uma estrela. Era tão cintilante que decidiu fazer outras estrelas – e elas começaram a piscar de lá para cá, como se conversassem.
O menino estava assustado de alegria.”

Na Bíblia:
Então Deus disse: “haja luzes no céu para separar o dia da noite e marcar as estações, os dias e os anos. Que essas luzes brilhem no céu para iluminar a terra”. E assim aconteceu. Deus criou duas grandes luzes: a maior para governar o dia e a menor para governar a noite, e criou também as estrelas. Deus colocou essas luzes no céu para iluminar a terra, para governar o dia e a noite e para separar a luz da escuridão. E Deus viu que isso era bom.

“Mas no sexto dia, ele se sentiu só. Desenhou sua imagem numa página, e diante dela, a de outro menino. Pintou de azul a sua roupa e de vermelho a de seu amigo. E, só de vê-los no papel, já gostava dos dois ali, juntos.”

Na Bíblia:
Então Deus disse: “Façamos o ser humano à nossa imagem; ele será semelhante a nós. Dominará sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre todos os animais selvagens da terra e sobre os animais que rastejam pelo chão”.
Assim, Deus criou os seres humanos à sua própria imagem, à imagem de Deus os criou; homem e mulher os criou.

Fazendo uso do recurso intertextual, do diálogo com o texto bíblico – Gênesis, Carrascoza permite ao menino realizar, com papel e lápis de cor, ao longo de sete dias, a trajetória de criação do universo (o seu mundo de criança). Assim, vai expondo, com delicadeza, a sensibilidade infantil e o prazer das descobertas, sempre presentes no ato de brincar; elementos, por meio dos quais, a criança é capaz de desvendar o mundo, conhecer a si mesma e relacionar-se.
Brincar, então, é um ato de criação. É construir um universo lúdico, que possibilita aprender e apreender a realidade.

Muito lindo isso!
Vale a pena conferir:

Carrascoza, João Anzanello. Caixa de brinquedos, São Paulo: Edições SM, 2017.
Bíblia Sagrada: nova versão transformadora, São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2016, recurso digital.

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Arthur
Arthur
2 anos atrás

Brincar é mesmo criar o nosso próprio universo.
Dentro de nossos mundos somos oniscientes e onipresentes.
Quem sabe Deus não segue até hoje aprendendo e apreendendo com a realidade que criou à sua imagem, tal como nós!

Ultima modificação 2 anos atrás por Arthur
Bia
Bia
2 anos atrás
Respondendo para  Arthur

💙💙💙

Isabella
Isabella
2 anos atrás

Adorei!!! Não conhecia esta história!