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Toda terça-feira é dia de novo texto comentado em Além das Margens. Hoje apresentamos um pouco da poesia de Lúcia Hiratsuka, em Chão de Peixes.
Em Chão de Peixes, Lúcia Hiratsuka resgata imagens da infância, convertendo vivências em poesia. Os traços delicados do Sumiê, em harmonia com a palavra poética, inspirada nos haicais japoneses, ganham expressividade , apresentando sentidos potencializados, fazendo “brotar do chão” a poesia do cotidiano, uma imensidão oculta, capturada pelos olhos de artista, que conseguem fazer a combinação palavra/imagem quase virar “coisa”:
Chão de Peixes
Risco o chão de terra batida,
o corpo alongado, os olhos, as nadadeiras…
Mais riscos e rabiscos mil,
o corpo, as escamas, as nadadeiras…
E o meu quintal vira mar.
Muito lindo!
Hiratsuka, Lúcia. Chão de Peixes.Rio de Janeiro: Pequena Zahar, 2018.