“A cultura e a natureza, o semiótico e o somático, encontram um ao outro apenas em conflito: o corpo nunca está inteiramente à vontade na ordem simbólica e jamais se recuperará inteiramente de sua inserção traumática nela”. (Terry Eagleton)
A Literatura Infantil/Juvenil, nesse sentido, apresenta valor significativo ao colocar-se como espaço de mediação entre a criança e o mundo. Espaço de diálogo onde a criança pode, pela relação estética, exercitar a resolução de conflitos, redescobrir o mundo e interagir com o outro, compensando angústias, equilibrando as energias psíquicas.
A literatura é imagem que reflete e refrata a realidade. Imagem entendida como representação mental e simbólica construída a partir das experiências humanas. Como diz, Gilbert Durand, “todo pensamento humano é uma representação, uma vez que passa por articulações simbólicas”. E todas as imagens representativas dos símbolos culturais, das práticas e dos valores sociais vêm, por sua vez, constituir o imaginário cultural.
Ao imaginário cabe a tarefa de imputar sentidos à realidade e processar as visões de mundo que dirigem e equilibram as ações e experiências vitais do homem, servindo de base para a concepção de realidade, armazenando e ordenando tanto os conteúdos simbólicos arcaicos quanto os atuais presentes no inconsciente coletivo.
Assim, a relação entre o homem e a realidade não é direta, mas mediada por signos e símbolos sociais e culturais. A literatura, por sua vez, mostra-se como um instrumento representativo do imaginário cultural e simbólico, ao mesmo tempo que contribui para a sua construção.