Rosa, de Odilon Moraes

Hoje os fragmentos foram retirados da obra Rosa de Odilon Moraes.

Em Rosa, Odilon Moraes dialoga com “A terceira margem do rio”, conto de Guimarães Rosa, por meio de uma narrativa sensível, conjugando poeticamente texto e imagem, os quais ao se fundirem, potencializam os significados da obra.

A narrativa apresenta ao leitor três margens:

A primeira margem é a do texto verbal, que retoma a obra de Guimarães Rosa, já na epígrafe, em que um pai deixa a sua família e decide viver sozinho em sua canoa:

Epígrafe

“Pai, o senhor me leva junto, nessa sua canoa?”

– Guimarães Rosa

“Logo que o filho nasceu, o pai endoideceu”.

“Rio abaixo, rio afora, rio adentro fez morada”.

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A segunda, é a do texto visual, em que a ilustração de Odilon, oferece ao leitor outra margem da história, a do filho, adulto, que retorna à cidade, para reencontrar, naquele rio, o pai em sua canoa.

Na terceira margem, encontra-se o elo: o leitor.

Se a terceira margem é o lugar do desconhecido, do silêncio, também é o lugar das expectativas, das possibilidades. Nesta obra, conjugar texto e imagem é fundamental. Portanto, o papel do leitor é importante para alcançar o lugar de confluência, articulação e conciliação das duas narrativas; o lugar (possível) de encontro entre pai e filho, unindo, assim, dois tempos da personagem: o seu passado, jamais esquecido, e o tempo em que volta à cidade para fazer o percurso do pai. Ou melhor, a harmonia intertextual garante a potencialização dos sentidos e a profundidade poética da obra.

Muito lindo isso!
Vale a pena conhecer:

Moraes, Odilon. Rosa, Curitiba: Olho de Vidro, 2017.

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